Aproximadamente 1,5 mil famílias foram retiradas de suas casas nesta terça-feira, 10, em cumprimento a um mandado de reintegração de posse. Elas ocupavam uma área de 250 mil metros quadrados, localizada nas proximidades da Estrada do Elenco, Parque Primavera (Região Taboão). Houve confronto entre manifestantes e policiais militares. Uma jovem de 14 anos e uma repórter da Folha Metropolitana foram feridas com balas de borracha. Ambas passam bem.
A costureira Marissela Rossio se mudou da Bolívia para o Brasil há dois anos. Ela foi há cinco meses para a ocupação para não ter mais que pagar aluguel. “Estava muito caro pagar para morar na cidade. Daí, deixaram a gente fazer um casa aqui”.
Ela acrescentou que a polícia foi “truculenta” e que também teria “debochado” das pessoas enquanto elas retiravam seus pertences das casas. “Não tenho para onde ir. Não sei o que fazer”, afirmou. A reportagem apurou que na área viviam pessoas naturais da Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai, Chile, Argentina e Brasil. A PM chegou na região por volta das 5h30.
Uma moradora da Comunidade Vila Unida, onde ficava a invasão, afirmou que daria abrigo temporário para alguns desabrigados. “Já que a Prefeitura não vai ajudar, vamos abrir as portas de nossas casas para ajudar as pessoas até elas conseguirem algum lugar para ficar”.
A Prefeitura informou que cadastrou 330 famílias, desde novembro do ano passado. Os demais ocupantes não se encaixariam no perfil que pode receber auxílios como, por exemplo, Bolsa Família e Renda Cidadã. “As 1.500 famílias estavam cientes que deveriam deixar a área até 9 de fevereiro. Portanto, o atendimento e encaminhamento dessas famílias foi anterior à reintegração”, diz trecho de nota.
PM impede tentativa de depredação
Cerca de 40 pessoas apedrejaram e tentaram incendiar um ônibus particular, na Rua Reta. Eles foram impedidos pela PM, que usou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.
Depois disso, o bando tentou invadir e saquear um supermercado na Estrada do Zircônio. O grupo quebrou o portão do estabelecimento e foi novamente dispersado pela PM. Eles também tentaram invadir o açougue onde trabalha a operadora de caixa Viviane Senna. “Estava no caixa quando acionei o botão para a porta fechar, vi que eles estavam com paus e pedras e jogaram contra nós, eram muitos”.
6ª Vara determinou reintegração
A reintegração de posse foi determinada pelo juiz Civolani Forlin, da 6ª Vara Cível do Foro de Guarulhos. “A reintegração foi solicitada por Claudio Antonio Ferreira Velloso, proprietário da área. A ordem judicial requisitou à PM que auxilie a desocupação”, diz trecho de nota da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP). A pasta acrescentou que a área foi invadida em abril de 2014.
Protesto no aeroporto
Antes do início da reintegração de posse, aproximadamente 300 pessoas foram ao Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, onde permaneceram entre as 0h e às 6h.
Segundo a GRU Airport, que administra o local, a manifestação foi “pacífica” e não impactou nas operações do aeroporto.
Fonte: Folha Metropolitana