Cantareira pode ficar sem água em menos de 2 meses

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Setembro começa com a esperança de volta das chuvas e melhora no quadro crítico dos reservatórios de água de São Paulo. Porém, a previsão não indica um cenário animador para os próximos 30 dias. “As chuvas retornam aos poucos, mas as últimas rodadas dos modelos meteorológicos mostram volumes abaixo da média para o mês, que é de 90mm”, explica o meteorologista Willians Bini.

Entre hoje e sexta-feira, algumas instabilidades atuam no Estado de São Paulo e até podem provocar chuva no Sistema Cantareira, mas é bom salientar que serão chuvas fracas, isoladas e baixo acumulado, o que não muda a situação atual dos reservatórios.

Ainda segundo Bini, a segunda quinzena de setembro será mais chuvosa do que a primeira. A partir do fim de semana o tempo volta a ficar seco e quente em São Paulo, o que até agravar a falta de água, pois com o calor, o consumo aumenta. Hoje, o Sistema Cantareira está com 10,8% da capacidade máxima, o ritmo de queda é de 0,2% por dia. Se continuar assim, as represas devem secar totalmente em cerca de 55 dias.

A Somar Meteorologia prevê que em meados de outubro as chuvas serão mais fortes e com volumes de água maiores. Isso não quer dizer que o problema estará resolvido, apenas que nesse período a taxa de queda será menor ou estável.

 

Período chuvoso

A época chuvosa no Brasil vai de outubro a março. Para o período de 2014/2015 a previsão é que as chuvas fiquem dentro da média, isso quer dizer que as chuvas podem ficar 25% ou 25% abaixo do valor que é considerado normal para esses meses em São Paulo. “Uma coisa já podemos afirmar com certeza, as chuvas de 2014/2015 serão melhores do as de 2013/2014”, conclui Bini.

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“Efeito José” pode trazer longa seca no reservatório

Baseados em séries históricas de chuvas, especialistas em recursos hídricos consideram a possibilidade de a seca que afeta a região do sistema Cantareira se prolongar por anos, sujeita ao que chamam de “efeito José”.

Batizado em referência ao personagem bíblico do Velho Testamento, o conceito é aplicado em hidrologia para caracterizar fenômenos climáticos que duram longos períodos.

Segundo o chefe do departamento de recursos hídricos da Unicamp, Antonio Carlos Zuffo, nas últimas quatro décadas (1970-2010), as chuvas sobre rios do Cantareira estiveram acima da média dos 35 anos anteriores (1935-1970).

“Pelas medições de chuvas na bacia do rio Piracicaba, observamos que o fenômeno é cíclico: temos de 35 a 50 anos com precipitações acima da média seguidos por um período semelhante de chuvas abaixo da média”, afirma.

A estiagem está sendo crítica na região do sistema Cantareira (entre SP e MG), que abastece 15 milhões de pessoas no interior e na Grande SP. Em 2014, choveu só 58% do esperado sobre o sistema, que na sexta (29) tinha 11,3% da sua capacidade.

“O Cantareira armazena água suficiente para mais ou menos um ano [de abastecimento]. Em um ano em que a chuva falhou, como este, ficamos numa situação difícil”, diz Augusto José Pereira Filho, professor do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP.

 

Fonte: Guarulhos Hoje