A polícia de Guarulhos apreendeu na cidade, entre janeiro de 2013 e o primeiro trimestre deste ano, 889 armas de fogo. Isso equivale a pouco mais de uma arma por dia. Segundo dados de “produtividade policial” divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), foram apreendidas na cidade 78 armas no primeiro trimestre deste ano.
Em todo o ano passado foram 110 e no ano anterior 113. Ainda segundo dados da SSP, foram registradas 126 ocorrências de porte ilegal de arma de fogo no período. No estado de São Paulo, a polícia apreendeu entre janeiro de 2013 e o primeiro trimestre deste ano 41.354 armas de fogo em todo o estado. Isso equivale a uma arma para cada meia hora. Segundo dados de “produtividade policial” divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, foram apreendidas em todo o estado 4.473 armas de fogo no primeiro trimestre deste ano. Em todo o ano passado foram 18.036 e no ano anterior 18.845. Ainda segundo dados da SSP, foram registradas 9.907 ocorrências de porte ilegal de arma de fogo no período. Isso equivale a uma prisão a cada duas horas. Na capital, foram apreendidas 11.220 armas de fogo em dois anos e três meses. Isso equivale a uma apreensão a cada duas horas. No primeiro trimestre deste ano, foram apreendidas 1.245 armas. No ano passado, foram 4.782 e em 2013 foram 5.193.
Especialista afirma que é ‘enxugar gelo’
O analista criminal Guaracy Mingardi afirmou que o trabalho de apreensão de armas realizado pela polícia, feito isoladamente, é como “enxugar gelo”. “A maioria dos modelos de armas usados pelos criminosos são revólver calibre 32, 38 e pistolas calibre 380. Estas armas são as liberadas para que cidadãos comuns comprem. Por algum motivo, como roubo e até perdas, este tipo de armamento acaba na mão dos bandidos”. O especialista acrescentou que é necessário “dificultar ainda mais” o acesso das pessoas às armas. “Isso é importante, para que menos armas circulem. Sei que meu posicionamento é diferente de alguns deputados que se deixam influenciar pela indústria das armas”, alfinetou. Mingardi destacou o fato de que os números divulgados pela reportagem representam uma “pequena fração” da quantidade real de armas ilegais que são usadas por criminosos no estado.
Estatuto do desarmamento
Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2003 e 2013, houve uma queda de 12,6% na taxa de homicídios registrados no país. Isso coincide com a criação do Estatuto do desarmamento. O levantamento indica que a cada ponto percentual a mais no número de armas de fogo em uma região, por exemplo, a taxa de assassinatos aumenta em média em até dois pontos. O estatuto, que foi criado pela Lei 10.826/03, permite que guardas municipais, bombeiros, colecionadores e seguranças privadas usem armas de fogo. No entanto, proíbe que civis circulem com elas. A exceção ocorre em casos de pessoas que sofrem ameaças. Mas este tipo de indivíduo pode perder o direito caso seja flagrado alcoolizado ou sob efeito de drogas. Entre 1980 e 2003, o número de assassinatos por arma de fogo no Brasil cresceu em média 8% anualmente. Quase uma década depois da aprovação do Estatuto do Desarmamento, este índice caiu para menos de 1% ao ano. O estatuto, criado pela Lei 10.826/03, autoriza o porte de armas por guardas municipais, bombeiros, colecionadores e seguranças privados, mas proíbe que civis portem armas. A exceção é para os casos em que a pessoa comprove estar sofrendo ameaça.
Fonte: Folha Metropolitana