A menos de um ano das eleições que vão escolher os prefeitos e vereadores dos municípios brasileiros, o clima anti-PT vem aumentando a cada fase da operação Lava Jato, que investiga desvios de verbas na Petrobras, e a cada denúncia de corrupção que atinge pessoas ligadas, direta ou indiretamente, ao governo da petista Dilma Rousseff.
O clima de insatisfação com o partido, que foi fundado na década de 1980, também toma conta de Guarulhos, cidade administrada pelo Partido dos Trabalhadores desde 2000, quando a legenda chegou a poder, pela primeira vez, com Elói Pietá e não mais deixou o Paço Municipal. Pelo menos é o que aponta pesquisa exclusiva do Instituto Opinião, encomendada pelo HOJE/ACE/Comunnica Soluções Integradas.
Segundo a pesquisa, 52% dos guarulhenses sentem ódio ou não gostam do Partido dos Trabalhadores. Vinte e sete por cento dos entrevistados “não sentem nem amor ou ódio pelo PT”, ou seja, são indiferentes ao partido fundado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A pesquisa aponta ainda que 10% dos guarulhenses simplesmente gostam da legenda; e 6% disseram que sentem um verdadeiro amor pelo PT. Afirmaram “não sabe”, 3%.
A pesquisa foi realizada em 11 regiões da cidade entre os dias 6 e 8 de julho. O Instituto Opinião Pesquisa aplicou 409 questionários divididos por cotas de sexo, idade e região.
Os levantamentos possuem a margem de erro de aproximadamente 4,9%, tomando-se como parâmetro o intervalo de confiança de 95% e estiveram sob a coordenação do cientista político e diretor do Opinião, Nilton Cesar Tristão, e da urbanista Nilzete Rodrigues Costa.
Eleitores avaliam três cenários com eventuais candidatos do PT
A pesquisa HOJE/ACE/Comunnica elaborou três cenários para a disputa a prefeito de Guarulhos, cada um com os três potenciais candidatos pelo PT: o ex-prefeito Elói Pietá, o deputado estadual Alencar Santana e o secretário de Educação, Moacir de Souza.
Pietá foi um único petista que ficou em primeiro lugar, com 20,78% da preferência do eleitorado em uma das simulações apresentadas ao eleitor, seguido do empresário Carlos Roberto, com 15,16%, e Guti (PV), com 9,29%. Já no cenário com o deputado Alencar, o tucano obteve 15,40%, seguido de Guti, com 11%, e, em terceiro, o petista, com 9,29%,
No terceiro e último cenário, agora incluindo o nome do atual secretário de Educação de Guarulhos, Carlos Roberto permanece em primeiro, com 16,38%; Guti se mantém em segundo, com 11,74%, seguido de Jovino Cândido (PV), com 8,80%; Eduardo Soltur (PSD), 7,33%; Jorge Wilson (PRB), com 7,09% e, enfim, Moacir de Souza, com 5,13%.
“A gente observa, na leitura da pesquisa, que em todos os cenários, Carlos Roberto fica dentro do mesmo patamar de intenção de votos, ele não avança. Ou seja, o tucano não conseguiu se transformar numa referência sólida e consistente ao projeto do PT”, avaliou o diretor do Instituto Opinião, Nilton Cesar Tristão.
Pesquisa aponta a preferência pelo nome da oposição
Com o quadro político ainda indefinido na segunda maior cidade do estado de São Paulo, principalmente diante do nome do candidato da oposição que irá enfrentar o PT em Guarulhos, a pesquisa fez a seguinte pergunta aos eleitores entrevistados: “Qual desses nomes você gostaria que fosse candidato do PSDB a prefeito de Guarulhos na eleição do ano que vem?”.
O empresário Carlos Roberto, que foi candidato a prefeito pela primeira vez em 1996, e que enfrentou o PT nas duas últimas eleições municipais (em 2008 e 2012), perdendo para o atual prefeito Sebastião Almeida, foi apontado por 37,41% dos entrevistados. O vereador Guti (PV), que poderá migrar para o partido tucano ou para o PSB, foi lembrado por 20,78%; e o atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado Fernando Capez (PSDB) aparece com 9,05%. Responderam “nenhum”, 26,41% dos entrevistados, e “não sabe”, 6,36%.
Maioria acredita na vitória da oposição no ano que vem
Mesmo com o quadro político indefinido para as eleições municipais do ano que vem, os eleitores que foram entrevistados pela pesquisa HOJE/ACE/Comunnica acreditam que um candidato de oposição ao PT em Guarulhos sairia vitorioso.
O percentual dos que acreditam no êxito de quem for disputar com o Partido dos Trabalhadores na cidade ficou em 53%. Já os que confiam na vitória do PT nas urnas somaram 33%. Os eleitores que disseram “não sabe” ficaram em 14%.
Pesquisa espontânea mostra que 47,68% vão anular o voto
O índice de guarulhenses que mostraram a intenção de anular o voto ou não votar em nenhum dos candidatos a prefeito da cidade chamou a atenção na pesquisa espontânea ao ser de 47,68%. Os indecisos ou que responderam “não saber” em quem votar somaram 29,10%.
Mas, diante dos que opinaram na espontânea, o ex-prefeito Elói Pietá (PT) ficou em primeiro com 5,87%; seguido de Carlos Roberto (PSDB), com 2,69%; Guti (PV), com 1,96%; Sebastião Almeida (PT) e Jovino Cândido (PV) com 1,47% cada um; Alencar (PT), Celso Russomano (PRB), Eduardo Barreto (PC do B), Eduardo Soltur (DEM), Gileno (PSL) e Wagner Freitas (PP), com 0,49% cada um. “Outros” somaram 6,85%.
“Pesquisa mostra que o PT estará no segundo turno”, afirma diretor do Instituto Opinião
O diretor do Instituto Opinião Pesquisa e cientista político, Nilton Cesar Tristão, disse que a pesquisa do HOJE/ACE/Comunnica mostra que o PT estará no segundo turno nas eleições do ano que vem. “Agora, ela também [a pesquisa] abre a possibilidade de o segundo turno não ser com o suposto candidato tucano Carlos Alberto, mas com outra força política, principalmente quando os números mostram que Carlos Alberto não conseguiu avançar politicamente”, afirmou.
Ao explicar a rejeição ao PT em Guarulhos, Nilton observou que o antagonismo está muito forte quando se avalia os 17% dos entrevistados que disseram “odiar” o partido e os 6% que afirmaram “amar” a legenda. “De um extremo ao outro é um déficit bastante significativo. Não lembro de outro caso na história envolvendo um partido com tão grande antagonismo”, enfatizou.
Tristão disse observar que a população tem a sensação que o projeto de poder do partido está acima dos interesses nacionais, e que as denúncias de corrupção que envolvem pessoas ligadas ao PT e ao governo Dilma Rousseff, como no caso da Petrobras, por exemplo, são responsáveis por esse antagonismo que envolvem a agremiação.
Fonte: Guarulhos Hoje