Garotas de Guarulhos formam banda para falar sobre a periferia

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Uma atividade cultural na escola estadual Antônio Viana de Souza, no bairro dos Pimentas, periferia de Guarulhos, na Grande São Paulo, fez com que quatro estudantes criassem a banda As Despejadas. O que era apenas um trabalho escolar em 2014 se tornou ferramenta de denúncia e protesto por meio da música.

 

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Formada por Aline Maria, 16, Lídia Martiniano, 18, Nataly Ferreira 17, Vitória Silva, 17, e Ariadne Pereira, 20, a banda planeja gravar um CD independente. O nome surgiu porque o ato de despejar, dentre tantos significados, se refere a colocar para fora aquilo que já não serve.

“Algumas pessoas até se assustam quando começamos a cantar. Porque olham cinco garotas em frente ao microfone e logo imaginam que vamos falar de amor. Daí, quando começamos o nosso ‘grito’ elas sempre se surpreendem”, conta Vitória.

 

Com composições próprias e interpretações de músicas da MPB, As Despejadas marcam presença em saraus, eventos culturais da juventude e encontros educacionais da cidade de Guarulhos. Já se apresentaram  também em saraus na capital, nos bairros de Pinheiros e República.

“Cantamos as dores do povo que é oprimido, que é despejado da sociedade, sem voz nem vez. Visto como ‘resto’, uma realidade na qual nós, mulheres, negras, da periferia, entendemos bem”, ressalta Vitória.

 

Com violão e instrumentos de percussão, elas falam nas letras sobre machismo, do protagonismo do jovem da periferia, do negro e da educação. A música Sou Frida Luta é o carro chefe do grupo e aborda o preconceito contra as mulheres e, propositalmente, foi composta em ritmo de funk, segundo Ariadne.

 

“É o nosso hino, não só nosso, mas de todas as mulheres que sofrem. Nós escolhemos o funk, especialmente para essa música, para falar de machismo, por ser um gênero que, na maioria das vezes, denigre a imagem da mulher”, afirma.

 

 

Elas contam que sempre tiveram apoio dos professores e participaram efetivamente da greve da Apeoesp (Sindicato Estadual dos Professores), de 2015. “Os professores da nossa escola acharam legal a ideia das apresentações e disseram que nós deveríamos participar. Até mesmo por sermos frutos de um projeto da escola”, relata Lídia.

 

Fonte: Folha