Para criar seu Breve Compêndio para Pequenas Felicidades, o Núcleo de Pesquisa Mercearia de Ideias, dirigido por Luiz Fernando Bongiovanni, resolveu conversar. A ideia fundamental foi trocar experiências entre os integrantes do grupo e perguntar, por várias perspectivas, o que traz a felicidade? Desacelerar, escolher, relacionar, pertencer, acolher, tocar, são algumas ações que apareceram nas discussões que o grupo realizou.
Qual é a felicidade, ainda que efêmera, que dá sentido à vida? A partir dessa indagação, o grupo também se pôs a pensar: quais os obstáculos e impedimentos que nos atravessam? O espetáculo estreia em março, em três diferentes espaços de São Paulo, e foge do senso comum ao trabalhar a individualidade de cada intérprete e sua própria relação com o tema. Mostra, assim, que não é preciso sorrir para ser feliz. A entrada é gratuita e a ação integra o Fomento à Dança, edital do município de São Paulo.
“Optamos por fazer uma reflexão que não parte do senso comum sobre a felicidade geral, associada, na maior parte do tempo, ao amor, à saúde, aos bens materiais, mas um outro tipo de felicidade, aquela que cada pessoa descobre individualmente e nutre ao longo da vida. A felicidade que habita os instantes, as frestas, as passagens”, fala o coreógrafo, que contou com a colaboração do elenco para a criação da obra.
“A pesquisa parte de vivências e experiências de cada artista, como cada um busca a felicidade e quais entraves encontra, a partir daí elaboramos uma lista, um breve compêndio, que se apresenta no âmbito cênico uma manifestação”.
O espetáculo, que estreia no dia 3 de março na Sala Paissandu, na Galeria Olido, e depois passa pelo Teatro Alfredo Mesquita e Teatro Flavio Império, também traz para cena a ambiguidade que algumas situações podem apresentar. “É no binômio, felicidade e obstáculos, que o espetáculo se desdobra. Trabalhamos, por exemplo, o tempo a partir da ideia de velocidade, da pressa, do tempo imaginado, do medo, do receio, da ansiedade, mas também das pequenas gentilezas, do tempo de cada um, do direito à fala de cada indivíduo, do acolhimento, do que cabe dentro de um abraço”, fala o coreógrafo.
O processo de trabalho do Núcleo para o desenvolvimento dessa nova obra durou aproximadamente oito meses. “A partir de provocações, cada um dos sete bailarinos foi percebendo o que seria o assunto de um possível solo, depois esse material era tensionado e uma organização a quatro mãos, (e pés!) era proposta. Todos os solos se encaixam num item da lista que seria o direto à própria voz, a voz que existe naquele momento.”
Breve Compêndio para Pequenas Felicidades e Satisfações Diminutas tem figurinos da bailarina Nayara Saez, cenografia de Oswaldo Lioi, cuja concepção modifica o espaço cênico: projeta, releva e esconde o bailarino; iluminação de Lígia Chaim, projeções de Binho Dias e Osmar Zampieri e a trilha composta por Sérgio Soffiatti. As fotos são de Clarissa Lambert e a produção da Corpo Rastreado.
Serviço
Breve Compêndio Para Pequenas Felicidades e Satisfações Diminutas
Quando: 25 a 27 de março, sexta e sábado às 20h e domingo às 19h
Local: Teatro Flavio Império
Endereço: Rua Professor Alves Pedroso, 600 – Cangaíba
Todos os espetáculos tem entrada gratuita.