Até o dia 19 de março, a Prefeitura de Guarulhos em parceria com o projeto Livros na Cidade promove pela primeira vez uma Feira de Livros no Calçadão da Rua Dom Pedro II, no centro da cidade. Entre as quase 2 mil publicações que estarão à disposição, os visitantes vão encontrar obras de escritores da Academia Guarulhense de Letras (AGL). O evento, que teve início na segunda-feira, dia 19, funcionará diariamente das 7 às 20 horas. De acordo com os organizadores, a estimativa é de que cerca de 5 mil pessoas adquiram livros nesse período.
Na Feira é possível encontrar obras como A Grande Ostra, de MarkKurlansky (Editora José Olympio); Réquiem para Cézanne, de Bertrand Puard (Bertrand Brasil); O Senhor dos Anéis – Volume Único, de J. R. R. Tolkien (Martins Fontes); Orgulho e Preconceito, de Jane Austen (Lafonte); Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach (Record Editora) e outros títulos de diversas editoras do seguimento romance, ficção e literatura infanto‐juvenil.
Desde que foi criado, em 2013, o projeto “Livros na Cidade” já passou pelas cidades de Poá, Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes, Suzano, São Carlos, Bertioga, Peruibe, Cananeia, Guarujá, Ubatuba, Mococa, Mogi Mirim, entre outras.
Valorizar o escritor local
Janethe Fontes, escritora guarulhense de grande expressão dentro da AGL e autora dos dramas “Vítimas do Silêncio” (Universo dos Livros) e “Sentimento Fatal” (Editora Dracaena), edos romances policiais“Doce Perseguição”, “Voo da Fênix” (Giostri Editora), “Natureza Selvagem” (Aldeia dos Livros) e “Corações Selvagens” (Amazon),observa que, muito embora as plataformas digitais tenham facilitado o acesso do leitor ao livro, os escritores ainda encontraram grande dificuldade para publicar suas obras em grandes editoras.
“Ainda hoje, a publicação de livros por uma editora tradicional, capaz de arcar com todos os custos de editoração, como capa, diagramação e revisão, e distribuição, é um processo que continua bastante complicado para a grande maioria dos escritores. Mesmo a publicação gratuita pelos meios digitais, como a Amazon, por exemplo, gera despesas ao escritor, e essa dificuldade acaba se constituindo como um elemento de desmotivação”, explica a escritora.
Janethe lembra ainda que a complexidade de publicação que ainda persiste no meio nacional faz multiplicar a quantidade de obras estrangeiras nos expositores das livrarias.
Outro membro da AGL cuja obra é possível encontrar na Feira de Livros, Edison Evaristo Vieira Junior, autor de “Funcionando para funcionar: memórias de um agente da Febem” (Clube de Autores), acredita que o formato da Feira, com livros disponíveis para serem facilmente manuseados por quem está passando pelo local, é uma iniciativa que desperta a curiosidade das pessoas.
“Além de aproximar as pessoas dos livros, trazendo obras diversas principalmente para as crianças, a Feira valoriza os autores da cidade, abrindo espaço para que escritores em começo de carreira possam mostrar seus trabalhos, então, iniciativas simples como essa devem ser pulverizadas, levadas para regiões periféricas e agregar outras atividades culturais, como música, contações de histórias, palestras”.
Academia Guarulhense de Letras
A Academia Guarulhense de Letras é uma das maiores instituições literárias do país. Fundada em 1978, a AGL é ainda responsável pela publicação de mais de 140 títulos sobre os mais variados assuntos.
Atualmente, seus membros reúnem-se mensalmente com o objetivo de difundir a literatura no município, além de participarem ativamente da vida política da cidade, por meio de sugestões aos poderes legislativo e executivo.
Em meio aos objetivos de cultivo da língua e da literatura nacionais, e preservação do patrimônio histórico e geográfico do município, José Augusto Pinheiro observa nos jovens talentos a possibilidade de continuidade desse rico legado. “Vivemos num país de poucos leitores, sobretudo do livro de papel. Um povo que não lê não consegue escrever, em decorrência disso, são raros os talentos que temos no campo literário, por isso, um dos compromissos da AGL é incentivar jovens escritores a escrever por prazer, somos semeadores dessa língua tão querida, mas ao mesmo tempo tão sofrida”.