Manter um estabelecimento aberto na região da Avenida Paulo Faccini tem sido uma tarefa árdua para os comerciantes. O alto valor da locação na “Paulista de Guarulhos” tem feito os empresários fecharem as portas. O delegado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) em Guarulhos, Donizete de Araújo, informou que o valor de locação do metro quadrado na região custa, em média, R$ 50.
Nos últimos anos, bares, baladas, restaurantes e padarias não conseguiram manter os custos e deixaram o local. O Bar do Sargento, no final da avenida, teve três donos diferentes desde 2010. Hoje não funciona mais. Há cinco anos, Fred Jorge Poli pagava R$ 7 mil pelo espaço. “Há 30 anos estou no comércio e nunca vi aluguéis tão caros”, reclamou. Ele informou que estabelecimentos como a padaria Dona Canela e o bar Hangar, vizinhos do Sargento, custavam cerca de R$ 30 mil. Também estão fechados.
Fechados – Estabelecimentos não conseguiram manter os custos (Foto: Silvio Cesar)
Sérgio Bianco, da imobiliária Bianco, instalada na região, disse que os comerciantes reclamam com razão. “Nossa economia está fraca. O comerciante tem que batalhar muito para conseguir pagar todas as suas despesas”, afirmou.
Além dos vizinhos Bar do Sargento, Hangar e Dona Canela, outros estabelecimentos não conseguiram se manter nos últimos anos. O Santo Taco fechou as portas e deu lugar ao Sport Bar. O Mauii, que fez sucesso quando funcionava na Rua Tapajós, foi para a Rua 3º Sargento José Manoel de Oliveira e fechou novamente. No local do primeiro Mauii já funcionou um restaurante nordestino, do mesmo dono, e hoje funciona o Bar Vila Velha.
Guarulhos é mais cara que Búzios
Não é apenas o metro quadrado da Avenida Paulo Faccini que custa caro. Ruas próximas, como a Tapajós, também são alvos de reclamações dos comerciantes. Entre outros problemas, Sérgio Freitas teve de fechar o Búzios Bar porque financeiramente “não estava valendo a pena”.
Freitas chegou a comparar os valores de Guarulhos com a cidade de Búzios (RJ). “O que eu pagava de aluguel na Tapajós, em Búzios, que é uma cidade totalmente turística e cara, eu alugava um imóvel maior que o meu e na Rua das Pedras, que é a principal rua de lá”, disse.
Ele pagava R$ 5 mil por mês e afirmou que chegou a ter um faturamento perto dos três dígitos.
‘Ter Comércio na região é privilégio’
De acordo com o delegado do Creci em Guarulhos, Donizete de Araújo, em geral, os aluguéis de Guarulhos estão caros, mas o comerciante tem que levar em conta as vantagens que a Paulo Faccini proporciona. “Ter um comércio na região é um privilégio. É na entrada da cidade, uma área cobiçada. As vantagens que o local proporciona é que determinam o valor”, disse Araújo.
Ele admitiu ser uma região cara, mas citou outros fatores para que os comerciantes fechassem as portas. “Há muitos comércios com problemas de alvarás de funcionamento, por exemplo, e por isso fecharam. Não adianta só baterem no metro quadrado. É um falso engano”.
Fonte: Folha Metropolitana