Um concerto ao mesmo tempo cheio de vigor e doçura. Os 250 anos do alemão Ludwig van Beethoven, celebrados no último sábado (15) com espetáculo da Gru Sinfônica, no Teatro Adamastor, marcaram a abertura da Temporada 2020 das orquestras de Guarulhos. O prefeito Guti, o secretário e o subsecretário de Cultura, Vitor Souza e Adalmir Abreu, respectivamente, prestigiaram o espetáculo e a primeira apresentação da nova orquestra da cidade, que teve o solista Leonardo Hilsdorf como convidado.
Motivo de grande comemoração, o prefeito Guti saudou os músicos e o público presente, enfatizando a importância da iniciativa, que tem como patrono ninguém menos que o maestro João Carlos Martins.
“Quando lançamos a Gru Sinfônica em dezembro do ano passado, no aniversário da cidade, iniciamos um projeto que vai na contramão de inúmeros municípios que deixam de incentivar a música clássica ao fechar suas orquestras. Esse trabalho, além de oferecer para a cidade 55 espetáculos ao longo de todo o ano, vai promover o ensino, a integração e o convívio dos alunos das Escolas da Prefeitura de Guarulhos com o universo da música”, comemorou Guti.
O espetáculo e o bate-papo com a plateia
Antes do início do espetáculo aconteceu a primeira edição do Papo de Plateia, um encontro entre o maestros e solistas e a plateia para trocar ideias sobre o repertório da noite. Na ocasião, o maestro Emiliano Patarra, o solista Leonardo Hilsdorf e o público conversaram sobre a importância de Beethoven como compositor e sobre o impacto de suas obras.
O espetáculo em homenagem a Beethoven integra a Série Grandes Mestres da Temporada 2020 e teve início com As Ruínas de Atenas, sob regência do maestro adjunto Kevin Camargo. A obra foi composta por Beethoven em 1811 especialmente para uma peça teatral.
Quando retomou a batuta, o maestro Emiliano Patarra regeu a execução da Sinfonia nº 3 em Mib Maior op.55, “Heroica”. Ao longo de seus quatro movimentos foi possível notar a densidade da composição de Beethoven, diante da inquietude que o dominava, na passagem do Classicismo para o Romantismo.
“Com a Terceira Sinfonia, Beethoven transforma completamente este gênero musical. Não se trata mais de uma peça de entretenimento, ainda que cuidadosamente elaborada, destinada a uma nobreza esclarecida. Esta é uma obra que visa a influenciar a visão de mundo dos espectadores e sua energia contagiante deixa isso claro do primeiro ao último compasso”, explicou Patarra durante o Papo de Plateia.
Foi com grande surpresa que o pianista Leonardo Hilsdorf recebeu o convite da Gru Sinfônica para substituir Christian Bundu, que adoecera repentinamente. Em apenas um dia de ensaio, uma aventura gratificante, segundo ele, foi possível retomar o Concerto nº 4, tocado por ele pela última vez em outubro do ano passado.
“A Orquestra Gru Sinfônica tem um grande potencial; considerando que é a primeira vez que tocam juntos no Teatro Adamastor nesse novo projeto, eles demonstraram um excelente nível de execução da obra”, observa Leonardo, declarando grande satisfação em trabalhar com o maestro Emiliano Patarra.
O Concerto nº 4 de Beethoven é o favorito de Leonardo Hilsdorf. “Ele é bastante diferente dos demais, é um concerto muito lírico, possui passagens extremamente virtuosísticas, uma obra luminosa, de um período em que Beethoven lida com perguntas existenciais sobre a vida, a condição humana, o divino, a beleza, isso sem a pretensão de respondê-las, e sim como forma de aceitação, traço característico de sua maturidade”.
Para o jovem pianista a salvação da música de concerto é essa aproximação da música com a plateia. “O Papo de Plateia é uma iniciativa muito legal. Ele abre uma nova dimensão e perspectiva para o público ao oferecer histórias e curiosidades sobre as obras”, vibrou Leonardo, constatando com grande alegria o modo caloroso e receptivo com o qual o público acolheu o repertório.