A Orquestra Gru Sinfônica protagonizou um dos espetáculos mais extraordinários de sua temporada no último sábado (28), na Sala São Paulo, no bairro da Luz. Ao lado do quarteto de violões Quaternaglia, que na ocasião lançou o álbum Down The Black River, o nono de sua carreira de três décadas, e do pianista Rogério Zaghi, a Gru Sinfônica mostrou ao público da mais importante sala de concertos da América Latina que Guarulhos também respira, pulsa, vibra e figura em meio ao circuito de música clássica do país.
“Todo o empenho dos instrumentistas da Gru Sinfônica e de seu regente, o maestro Emiliano Patarra, se concretiza no reconhecimento e na conquista desse espetáculo na Sala São Paulo. Estamos muito orgulhosos de ver nossa orquestra brilhar em tão importante espaço da música de concerto”, disse o prefeito Guti.
Na abertura do espetáculo a Gru Sinfônica apresentou Zéfiro Fantasia, de André Mehmari, música encomendada ao compositor e estreada no ano passado no Teatro Adamastor em homenagem aos 460 anos de Guarulhos. “É objetivo das orquestras de Guarulhos, dentre elas a Gru Sinfônica, evidenciar em seus concertos a relação com grandes parceiros e com a produção de compositores contemporâneos”, explicou o maestro Emiliano Patarra.
Para o vice-prefeito e secretário de Cultura, Professor Jesus, a execução de obras de novos compositores ajuda a intervir nos rumos atuais da música de concerto. “Trazer as composições de compositores brasileiros para esse espetáculo na Sala São Paulo, somadas à trajetória brilhante do Quaternaglia, ajuda a aproximar o público consumidor de música clássica dessas novas produções e, sobretudo, do trabalho realizado com tanto esmero e carinho pelas nossas orquestras em Guarulhos”, afirmou o secretário.
Sons da natureza numa noite escura
Na sequência do espetáculo, Chrystian Dozza, Fabio Ramazzina, Thiago Abdalla e Sydney Molina, os violonistas do Quaternaglia, se juntaram à Gru Sinfônica para a execução de Down The Black River Into the Dark Night, música que dá nome ao álbum do quarteto com peças do compositor Sérgio Molina, trabalho disponível em todas as plataformas de streaming e que reúne obras escritas para quarteto de violões, piano e orquestra de cordas.
A música sugere ao ouvinte uma experiência única em meio à escuridão da noite, adentrando em um dos mais importantes afluentes do rio Amazonas, o rio Negro, quando a vegetação da floresta se torna mais densa e os sons da natureza se amplificam.
A Gru Sinfônica ganha volume no momento da execução de Song of the Universal, com a participação do pianista Rogério Zaghi, coordenador dos programas educacionais da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e diretor da Academia de Música da Osesp, a principal academia de formação da América Latina.
A música se materializa no final da peça quando surge uma canção que, mesmo sem ser cantada, permite a compreensão de toda sua poesia e complexidade. A música faz referências assertivas à MPB, a processos composicionais que foram marcantes durante o século XX e à tradição da música sinfônica, uma diversidade de linguagens que se complementam em um todo muito impactante.
Song of the Universal foi encomendada originalmente pelo pianista James Dick, do Round Top Festival Hill, e estreou em 2018 em três concertos no Estado do Texas, nos Estados Unidos, com o Quarteto de Violões Quaternaglia. Foi então que surgiu o convite do maestro Emiliano Patarra para a realização de uma nova composição, adaptada para atender ao formato de concerto com a Orquestra Gru Sinfônica, estreada em Guarulhos em junho do ano passado em concerto no Teatro Adamastor.
“A música foi totalmente reestruturada, buscando os diálogos entre a sonoridade total da orquestra, mas também de seus naipes particulares, metais, cordas, madeiras, percussão com os solistas, e nessa ocasião poderá contar novamente com o Quarteto Quaternaglia e o Rogério Zaghi ao piano. A expectativa para essa estreia é muito grande, especialmente porque se trata de uma peça nova, baseada em um poema do americano Walt Whitman, mas composta de acordo com o pensamento composicional do século XXI, no contexto da pandemia e, por isso, envolve tanto momentos delicados, com certa introspecção e explosões rítmicas em tutti. Nesse sentido, técnicas consagradas da música orquestral e contemporânea dos séculos XIX e XX encontram-se justapostas e fundidas com as complexidades rítmicas da música popular urbana, mas sempre num diálogo com as imagens poéticas do poema”, explica o compositor Sérgio Molina.
Para saber mais sobre a temporada 2022 das orquestras acesse http://orquestrasdeguarulhos.com/.