Não é segredo que a música possui forte estímulo sensorial e emocional capaz de trazer benefícios para a saúde. Por isso, ela é utilizada por especialistas como terapia para amenizar quadros associados ao stress, falta de concentração, ansiedade e depressão. Sintomas apresentados, muitas vezes, por pessoas da terceira idade. A maioria dos idosos têm uma rotina solitária, devido à ausência de familiares, pois muitos são viúvos e seus filhos possuem uma vida independente, além da aposentaria que propicia um tempo de ócio que nem sempre existiu, logo, pode haver uma presença de anseio por preencher este tempo.
Lucas Golinelli, educador de canto e coral da Universidade Aberta e da Terceira Idade da Universidade UNG, acredita que as propriedades da música através do canto podem ajudar os idosos a alcançarem uma melhora na qualidade de vida. “A música por si já é atraente, ela mexe com nossos sentidos e emoções. Quando a pessoa canta, ela se envolve com a melodia em uma outra experiência. Ela deixa de apenas contemplá-la para produzi-la, o que traz outros benefícios, inclusive para a autoestima”, afirma ele.
Segundo o professor, a prática pode resultar em diversas vantagens, como: fortificar a memória ao fazer o cérebro trabalhar para recordar as sequências e as letras; trabalhar a respiração, tonificando os pulmões; preservar o aparelho fonador, enquanto obtém percepções físicas, resultando num autoconhecimento corporal; melhorar a concentração; auxiliar a administração da timidez; fortalecer a autoestima e criar laços emocionais, especialmente no caso do canto em coral.
Ele enfatiza a diferença entre o canto e coral. “Atuar em um coral é compor um corpo de vozes, que juntas se tornam um instrumento. Por isso, a socialização é inevitável. Os laços acontecem de forma natural e mais rápida”, menciona. Ele recomenda o coral para aqueles que sentem a necessidade de interagir em grupo ou, até mesmo, gostariam de desenvolver esse lado social. Enquanto o canto, focaliza a técnica e o timbre de cada indivíduo, indicado para aqueles que desejam explorar mais sua singularidade e seu potencial.
Comumente, as pessoas têm resistência para a prática, por não acreditarem em seu potencial vocal. Neste caso, Golinelli deixa a dica “o segredo é se permitir sentir, sorrir, para assim ter resultados mais significativos”. O aluno não precisa demonstrar nenhum tipo de talento, de facilidade ou de conservação da voz, já que a idade avançada evidencia os desgastes do aparelho fonador.
É necessário, caso haja interesse em aprender, atentar-se para os cuidados que o instrutor tem com o aprendiz. A metodologia adotada não pode, em momento algum, comprometer saúde do iniciante, seja vocal ou não, conforme orienta Golinelli. O mesmo vale em relação à autoestima. “Lembrar que cantar é importante, mas o mais relevante é se sentir bem cantando. Por isso, o professor não deve exigir demais. Deve-se levar o trabalho a sério, mas tendo a consciência de que o principal papel não é transformá-los em cantores, mas proporcioná-los uma melhor qualidade de vida”, defende.
Serviço
Universidade Aberta e da Terceira Idade (UATI)
Endereço: Praça Tereza Cristina, 88 – Centro – Guarulhos SP
Telefone: (11) 2464-1720
E-mail: [email protected]