“Na vida temos duas caixas: a primeira delas é a de ferramentas; Instrumentos que a gente usa pra cumprir, fazer o que é necessário para viver. A outra é a caixa de brinquedos. que são as coisas e situações que nos transmitem alegria, como as músicas, os poemas, as brincadeiras e o carnaval”.
E foi com a singela metáfora do filósofo Rubem Alves que a arte-educadora e contadora de histórias Wânia Karolis encantou as crianças da Escola da Prefeitura de Guarulhos Padre João Álvares, na tarde da última quinta-feira (23).
Com o tema Brincar de Carnaval, Wânia resgatou a história dos festejos carnavalescos no Brasil, despertando nas crianças e funcionários por meio de marchinhas a alegria e o entusiasmo, características por vezes esquecidas, no cotidiano.
“Eu adoro estudar nessa escola, tem muitas coisas legais, tipo essa história que ela está contando. É muito divertido”, conta o aluno Pedro, de 10 anos.
Ô abre a roda tindolelê
A contação de histórias, como tradição oral é uma cultura transmitida oralmente de uma geração para outra e foi originada no primórdio dos tempos, quando ainda não havia a escrita para fazer circular os registros históricos.
Na atualidade, a prática incentiva a imaginação, a afetividade e a ludicidade, aspectos fundamentais para o desenvolvimento e geração de novos conhecimentos.
A gestora da EPG Mônica Aparecida Torregrossa Wellausen explica que o projeto trazido pela arte-educadora está sendo um ganho para as crianças e funcionários.
“É muito diferente receber uma pessoa com a experiência artística da Wânia e quando ela nos mostrou o projeto com contação de histórias, aceitamos na hora. Ela é uma profissional maravilhosa. Aberta e compreensiva para entender a necessidade das crianças, além de encantar a todos com os materiais diversificados e a música. As crianças amam!”, completa.
Ludicidade como ponto de partida
“Hoje essa apresentação foi um presente meu para as crianças em comemoração ao carnaval e a proposta objetiva resgatar os jogos, as cantigas populares brasileiras, por isso, brincamos os carnaval com marchinhas e histórias”, esclarece Wânia.
Trazendo a ludicidade como ponto de partida, a artista destacou a importância de experiências humanas pela ótica da leveza, da generosidade e do compartilhamento afetivo, exemplificado pela caixa de brinquedos.
“A caixa de brinquedos simboliza a nossa realidade como homo ludens. E é por meio dos confetes, serpentinas, e do reconhecimento das máscaras que vamos nos reconhecendo e existindo com mais felicidade. A escola é o lugar onde deve pulsar a ludicidade, afinal aprendemos brincando. Utilizando o nosso corpo como um brinquedo experimentamos a vida, criamos e sentimos sabor nas descobertas”.
A arte-educadora conta que as rodas de história também foram bem recebidas pelas crianças e pelos educadores das diversas modalidades da EPG Siqueira Bueno.
“Acredito que esse aspecto sensorial que eu trago é muito importante na formação dos professores, porque reconecta a pessoa com a sua criança interna e com o propósito, aquela vocação essencial pela educação. Durante a minha trajetória pessoal, me apropriei da minha criança, por isso, desejo propor essa oportunidade para os outros. Penso que as histórias nos reconectam com a vida, mas principalmente com a gente mesmo”.