Cuidados com a coluna durante o Home Office e ensino em casa

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Há praticamente um ano, a rotina de muitas pessoas mudou: mesa de jantar, sofá e cama se tornaram escritório e sala de aula para boa parte da população brasileira, que se adaptou como deu com a chegada da pandemia da Covid-19. No entanto, o que era pra ser uma questão temporária ganhou fôlego e o cenário de trabalho e ensino remotos ainda deve permanecer por mais algum tempo. “Quando começou a pandemia, a gente achou que fosse durar dois ou três meses e nesse período trabalhar ou estudar no sofá pode até dar certo. Só que por mais de um ano, a mesa de cozinha já não é mais tão legal nem para o  adulto trabalhar, nem para a criança estudar”, explica Juliano Fratezi, médico ortopedista especialista em coluna, pós-graduado em dor pelo IEP-Hospital Sírio Libanês e membro da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) e da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

 

O médico alerta que os problemas posturais já estão afetando a saúde de crianças e adolescentes e aumentando o número de queixas no consultório. “São crianças com 9 ou 10 anos que passaram a apresentar dores na cervical e na lombar, coisa que não víamos antes”, afirma o médico. Com isso, medidas para evitar e amenizar dores e lesões causadas pela má postura ao trabalhar e estudar em casa se mostram cada vez mais importantes.

 

O ortopedista esclarece que logo no início da jornada é possível observar o desconforto causado pela tensão muscular. “Em meses e anos de má postura, identificamos as cifoses – o aumento da curvatura da coluna torácica (a famosa corcunda) – , o pescoço é projetado para frente, sobrecarregando os ombros e também a coluna lombar”, indica Fratezi. “A má postura frequente pode causar a deformidade mais permanente e mais difícil de tratar depois”, ressalta. Além de desvios como a cifose,  pode ocorrer também a sobrecarga dos discos, aumentando as chances de surgimento de hérnias de disco, principalmente nas regiões cervical e lombar.

 

Como evitar dores e lesões?

 

As principais medidas preventivas são simples e podem ser facilmente adotadas em casa e valem tanto para adultos como para crianças.

 

  • Cadeiras devem ter o apoio  para os braços e também para a lombar;
  • A altura da mesa e da cadeira devem ser compatíveis com a altura da criança ou do adulto. “Muitas vezes o assento deve ser elevado ou a mesa mais baixa, de acordo com sua estatura”, afirma o médico.
  • As telas devem ficar ajustadas na altura dos olhos, para evitar que a pessoa projete a cabeça para frente. “Às vezes, improvisar com uma simples caixa ou comprar um suporte simples para colocar entre o monitor e a mesa já garantem a altura correta”, explica Fratezi.

 

Atividades físicas são essenciais em todas as idades

 

Outro fator importante para evitar dores e lesões são as atividades físicas. O ortopedista afirma que uma boa medida de prevenção é incluir atividades físicas que fortaleçam a musculatura que oferece suporte à coluna. “Uma prática bem orientada, de duas a três vezes por semana, contribui para a qualidade de vida de qualquer pessoa”, avalia o médico. O especialista em coluna recomenda o Pilates como uma opção de atividade e reforça a importância da participação dos pais na rotina. “As crianças se dão bem no Pilates e eu indico para os pais fazerem os exercícios juntos com os filhos, principalmente quando eles também estão sedentários, ainda mais neste período de pandemia”, explica. O médico aponta, ainda, que para crianças menores, as atividades devem ser mais lúdicas, diferente dos adultos, mas que ainda assim cumprem bem este papel de alongamento e fortalecimento. “Essas brincadeiras estimulam o desenvolvimento neuropsicomotor ao mesmo tempo que divertem as crianças”, esclarece o ortopedista.

 

Atenção aos detalhes podem ajudar pais e crianças

 

Com a maior exposição das crianças às telas, Fratezi ressalta que os pais se atentem à postura das crianças diante de tablets, computadores, celulares e televisão. “Lembrando que o tempo de telas deve ser o mínimo de acordo com a faixa etária da criança”, aponta o especialista. Quanto ao retorno às aulas presenciais, o médico recomenda monitorar as mochilas das crianças e adolescentes. “As mochilas não devem ultrapassar 10% do peso da própria criança”, alerta o ortopedista Juliano Fratezi. “É preciso lembrá-los de sempre apoiar a mochila nas duas alças ou, então, optar pelas bolsas com carrinhos”, pontua o especialista.