A quinta conclusão McKinsey quanto ao Exame PISA 2015, é a de que a educação infantil teve impacto acadêmico positivo nos jovens que hoje têm 15 anos. Entretanto, alunos de baixa renda beneficiaram-se menos do que os de alta renda.
A relevância da primeira infância é inconteste para quem pretenda educar e levar a educação a sério. Mais da metade das sinapses que permitem ao ser humano pensar, ver, ouvir e falar são formadas antes dos três anos de idade. Nada obstante a plasticidade cerebral persista na idade adulta, o cérebro é mais receptivo a intervenções na primeira infância. Por isso a educação infantil adquiriu contornos tão nítidos nestes últimos anos. A creche não é mais o lugar para o depósito de crianças enquanto a mãe trabalha. É escola mesmo. E a educação tem de começar bem para produzir os frutos que dela se espera.
Bons programas de educação infantil contribuem para reduzir o descompasso no aproveitamento escolar, com auxílio às crianças desfavorecidas para adquirir habilidades cognitivas e sociais e outras capacidades antes mesmo de ingressar na pré-escola.
Embora existam programas muito inspirados e eficientes, a educação infantil não parece funcionar tão bem para alunos de baixa condição socioeconômica, se cotejados com os de condição socioeconômica privilegiada.
Os jovens que realizaram as provas PISA e que haviam recebido educação infantil, pontuaram 8% a mais do que os colegas que não tiveram esse reforço. 30 pontos são significativos para aferir o resultado da educação em nossos Países.
O tema permanece como angustiante, pois um relatório recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, destacou a importância de uma pré-escola de qualidade e constatou que programas para crianças mais novas, muita vez produzem resultados piores do que a simples ausência de educação infantil.
Indaga-se: o que é qualidade na educação infantil? Como ela pode ser avaliada? Há respostas: foco não somente nas habilidades cognitivas, mas também nas socioemocionais e na saúde física e mental, professores bem treinados, poucas crianças por funcionário, infraestrutura adequada. Mais ainda: padrão de aprendizado claro, relações positivas entre alunos e professores.
Diagnósticos existem. Persiste o velho problema brasileiro: fazer valer aquilo que se apurou como verdade científico, nunca entender que a missão terminou, enquanto não se atingir o resultado pretendido. E este situa-se num horizonte cada vez mais amplo e, infelizmente, longínquo.
José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo