Anunciadas como a tão esperada ligação sobre trilhos entre São Paulo e Guarulhos, as estações da linha 13-jade da CPTM têm desencorajado moradores a usá-las devido à distância ao centro guarulhense -que concentra a maior demanda de passageiros e fica a cerca de 9 km.
A estimativa da companhia de trens é que a nova linha, formada pelas estações Engenheiro Goulart, Guarulhos-Cecap e Guarulhos-Aeroporto, receba 120 mil passageiros por dia. O ramal que liga a capital paulista a Mogi das Cruzes, por exemplo, tem cerca de 724 mil passageiros ao dia.
Nesta quarta (2), em seu primeiro dia útil de funcionamento após a emenda do feriado de 1º de Maio, a linha 13-jade teve movimento pequeno de passageiros nas plataformas das três estações.
A opção mais próxima para os moradores de Guarulhos acessarem a nova linha de trem é o Terminal Rodoviário Taboão, interligado à estação Guarulhos-Aeroporto, a última da nova linha. Quem optar por embarcar nesta estação com destino a São Paulo terá que percorrer mais três estações, uma distância de 12,2 km, até a parada Engenheiro Goulart.
De lá, é preciso fazer baldeação para a linha 12-safira e seguir até a estação Brás, no centro. O trajeto demora cerca de uma hora e meia -fora dos horários de pico.
Por causa da distância das novas estações, moradores preferem continuar pegando as linhas de ônibus que saem do centro de Guarulhos e partem para a estação Armênia do metrô pela rodovia Dutra.
De lá, seguem em baldeações até o centro de São Paulo em um trajeto que costuma levar cerca de uma hora nos horários de maior movimento.
“Para chegar na nova estação teria que pegar duas conduções em vez de apenas uma, como estou acostumada”, afirma a assistente administrativa Sueli Santos, 22, que trabalha na zona oeste da capital. A CPTM afirmou que não é possível avaliar a adesão dos passageiros à nova linha durante o período de teste, quando as estações funcionam só das 10h às 15h. Estes horários, diz a companhia de trens ligada ao governo Márcio França (PSB), não incluem as horas de pico, quando há maior movimento de passageiros.
O funcionamento comercial da nova linha está previsto para iniciar no fim de maio, quando terá início a cobrança da tarifa no trecho.
Entre os passageiros da nova linha de trem nesta quarta-feira estava o autônomo Rodolfo Agra, 26, que levava os filhos gêmeos Lorenzzo e Bryan, de seis meses, para visitar a mãe que trabalha no centro de São Paulo. O dia era de passeio, assim como para outros passageiros que aproveitavam a gratuidade da passagem até o fim do mês para conhecer as novas estações e tirar selfies.
“Para nós a estação vai facilitar muito porque moramos aqui ao lado”, disse o autônomo, apontando para o conjunto de prédios visível da plataforma da estação Cecap.
Ele conta que a nova estação fez a mulher economizar quase uma hora no trajeto entre a casa e o trabalho -que agora faz em 40 minutos, em vez de uma hora e meia no percurso feito apenas por ônibus.
Os vagões vazios também eram ocupados por passageiros com malas vindos do aeroporto de Cumbica, última parada da nova linha.
A publicitária Marcia Lira, 36, tinha acabado de chegar do Recife com a mãe, a aposentada Inez Lira, 61, e testava a viagem de trem pela primeira vez. “Antes pegávamos o táxi, mas agora, com o trem, dá para economizar”, disse Marcia, que seguia para a casa de um amigo na zona sul da cidade.
As novas estações da linha da CPTM deram início a uma maratona de inaugurações do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) poucos dias antes de deixar o cargo para disputar a Presidência da República.
As paradas foram entregues pelo tucano no fim de março com a presença de várias autoridades locais, que comemoravam a volta do trem a Guarulhos após 53 anos da desativação da Estrada de Ferro Cantareira, que funcionou até 1965, poucos anos após passar a ser considerada obsoleta e deficitária.
A linha férrea, porém, voltou à cidade com 14 anos de atraso em relação à promessa de uma ligação com o aeroporto do governo Alckmin.
Em março de 2002, o então governador apresentou um traçado da linha que faria a ligação entre Cumbica e o centro de SP. O tucano, que à época era pré-candidato à reeleição ao governo, prometia uma viagem com maior rapidez até o aeroporto a partir de 2004.
A linha -que com os sucessivos atrasos também chegou a ser prometida para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil- foi entregue a 75 dias da competição na Rússia.
Fonte: Guarulhos Hoje