Guarulhos promove interação e acolhimento com curso de português para refugiados e imigrantes

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A Prefeitura de Guarulhos está com vagas abertas para o curso A Língua Portuguesa como Acolhimento aos Refugiados e Migrantes. As aulas são gratuitas e oferecidas no formato presencial a fim de garantir a integração dos alunos, possibilitar oportunidades no mercado de trabalho e promover o melhor convívio entre estrangeiros e brasileiros. Os temas do curso serão desenvolvidos uma vez por semana, às quintas-feiras, das 19h às 21h, na rua Abílio Ramos, 122, Macedo.

 

 

O espaço de aprendizagem para pessoas em situação de refúgio e estrangeiros teve início em agosto deste ano no Centro Municipal de Educação e Artes (Cemear). Ele tem contribuído de forma prática e eficaz para todos que desejam se relacionar melhor com a língua portuguesa na sociedade.

 

Professora há 21 anos, Giselli Câmara foi convidada pela gestora do Cemear, Ana Paula Lucio Souto Ferreira, para elaborar um projeto que, por meio da língua portuguesa, pudesse ser um dos caminhos para acolher pessoas refugiadas e imigrantes na cidade. Assim nasceu o curso. “Já temos percebido uma diferença na fala dos alunos – desde quando fizemos a matrícula até o momento é perceptível o desenvolvimento deles e a familiarização com a nossa língua”, conta a gestora.

 

Giselli tem vivenciado momentos de grandes desafios e conquistas na vida dos alunos. A professora faz parte do Projeto de Línguas da rede municipal de ensino e também atua como professora de espanhol no CEU Ponte Alta.

 

“Durante as aulas eles partilham muitas histórias que merecem a nossa atenção, principalmente a compreensão em relação aos diferentes idiomas, como o árabe, o urdu (originário do Paquistão) e o inglês. A conversação no início era muito pelo inglês, pois essas regiões oferecem o ensino bilíngue; agora, eles já conseguem aplicar o português gradativamente pelo método comunicativo, através de músicas brasileiras, poemas de Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina, Adélia Prado e muitos outros escritores que resgatam a cultura brasileira”, explica a professora sobre o método utilizado nas aulas.

 

Atualmente o curso atende estrangeiros de países conhecidos por situações de conflitos e instabilidade política, como a Síria, Paquistão e Togo, uma nação que pertence à África Ocidental, situada no Golfo da Guiné.

 

Experiências de vida e superação

 

Muhammad Ahmad, de 35 anos, veio do Paquistão para o Brasil há cerca de um ano e meio com sua esposa, Aqeela Rabbni, seus quatro filhos, sua mãe, um sobrinho e a irmã Ayesha Jabeen, também aluna do curso. “Viemos ao Brasil para fazer uma visita, mas por conta pandemia os aeroportos foram fechados e permanecemos no país. Na época minha esposa estava grávida, sendo assim, tivemos nosso filho no hospital na Maternidade Jesus, José e Maria, onde ela foi muito bem atendida”.

 

Por sua vez, Aqeela Rabbni falou sobre as dificuldades enfrentadas onde mora, que ela atribui ao uso da língua portuguesa no seu cotidiano, e os motivos para continuar em solo brasileiro. “No condomínio já recebemos multa por causa do barulho da máquina de lavar roupas, porém não temos máquina no apartamento, e quando vamos explicar para o síndico, ele finge que não está entendendo o que estamos falando. Temos saudades do nosso país, de comer a manga doce paquistanesa, mas o Brasil nos recebeu muito bem, aqui tem muitas pessoas generosas”, conta Rabbni.

 

Já o aluno sírio Mohamed Najdat Najari, 28, e seu irmão vieram para o Brasil há cinco anos em meio a uma guerra civil. Sua mãe foi para a Turquia. Hoje ele aplica diariamente os aprendizados do curso no seu trabalho com eletrônicos, no centro de São Paulo.

 

“O curso me ajuda no dia a dia e pretendo continuar no país, pois já estou bem adaptado, aprendendo a escrever com letra de mão. Um dos meus objetivos para o futuro é fazer uma prova para me naturalizar brasileiro, regularizar meu passaporte e poder visitar outros países, inclusive a Síria, quando a situação estiver melhor, porque na região onde morávamos a população era considerada rebelde e inimiga do governo”, destaca o aluno sírio.

 

Cursos de línguas

 

O Cemear e os Centros de Educação Unificados (CEUs) oferecem cursos gratuitos de língua inglesa e espanhola a adultos e jovens a partir de 13 anos completos e alfabetizados. As aulas têm duração de três horas e acontecem uma vez por semana, divididas em módulos.

 

Os cursos de inglês e espanhol têm como principal objetivo proporcionar à população o ensino da língua, priorizando as habilidades de compreensão e produção oral e escrita a fim de capacitar o aluno a utilizar o idioma a interagir com outros falantes. Para mais informações ligue para 2087-7448.