Ninguém viu quando ele entrou aqui em casa. Talvez estivesse todo mundo dormindo. Eu não sei dizer exatamente como aconteceu. Quando a gente se dá conta já é tarde. Sei que agora ficamos todos paranoicos, a família toda em pânico, com medo que ele volte, que aconteça todo o terror de novo.
Foram os piores momentos da minha vida, não conseguia fazer nada de tanto desânimo. Não sei como sobrevivi, como me recuperei depois do estrago que ele me fez. Sentia tanta dor, achava que ia morrer, sentia que minha vida estava por um fio, que não havia remédio, que ele acabaria comigo.
O pior da história é saber que ele está por toda parte. Que por qualquer fresta ele pode entrar, que ele pode estar na casa do vizinho, só esperando o momento de me atacar de novo. Tremo só de pensar que em alguma poça d’água o maldito está colocando ovos, perpetuando seu reinado de terror enquanto eu aumento meu estoque de incensos de citronela, inseticidas e repelentes de todos os aromas. Já não posso ver bicho que voe, seja mosquito, pernilongo, mosca ou mariposa, só relaxo depois de bem morto.
