Uma apresentação instrumental e intimista, regada a swing, baladas, ritmos brasileiros, improvisação e um bom bate papo sobre música e composição. A garoa fina que caiu na noite desta segunda-feira (11) não foi capaz de espantar o público que compareceu ao Conservatório Municipal de Guarulhos para prestigiar o Recital de Jazz com Adolfo Mendonça.
Acompanhado pelos músicos Maurício Jesus (baixo) e Vinícius Navarro (bateria), Adolfo apresentou um repertório estritamente reservado a composições adaptadas para o piano. Entre uma música e outra, aproveitou ainda para falar sobre alguns elementos característicos do estilo e o modo como algumas dessas músicas foram adaptadas para o piano.
A partir de sua experiência como aluno do mestrado em Jazz da University of South Florida, nos Estados Unidos, Adolfo avaliou a abordagem das escolas de música brasileiras, em relação ao ensino de jazz: “O Brasil tem boas escolas de música, onde é possível se atingir o nível profissional como músico. No entanto, em minha opinião, a forma como o jazz é ensinado em nossos cursos ainda está abaixo da forma como isso acontece nos Estados Unidos, uma vez que este é o lugar onde esse estilo foi criado”.
Com um repertório elaborado a partir dessa predileção, Adolfo apresentou alguns clássicos, como “Just Friends”, do alemão John Klenner; a animada “Have you Met Miss Jones”, do nova-iorquino Richard Rodgers; o tema da belíssima “Laura”, do avô das trilhas sonoras David Raksin; e a irreverente Anthropology, de Charlie Parker, cujos ritmos adaptados para o piano se alternavam constantemente para dar o tom complexo e atrativo do bebop.
Brasileiro, Adolfo é lembrado em meio aos colegas do mestrado por sua formação no Brasil e por composições que marcam, sobremaneira, a beleza rítmica do país. Em franca homenagem ao que há de melhor em terra brasilis, Adolfo apresentou “Triste”, do maestro Tom Jobim, “Bebê”, de Hermeto Pascoal, “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, entre outras.
Para abrilhantar ainda mais o recital, o espetáculo contou ainda com a participação da cantora Luciana Nóbrega, que de forma bastante sensível encantou o público com seu vocal poderoso em canções como “All the Things You Are”, de Jerome Kern e “Misty”, de Erroll Garner.