Realizada no final de julho, a 15ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty – Flip fez o reconhecimento do trabalho de 181 mulheres negras brasileiras, por sua luta contra o racismo. A servidora Maria Isabel de Assis (Mabel Assis), da Subsecretaria de Igualdade Racial, vinculada à Secretaria de Assuntos Difusos – SAD estava entre as homenageadas.
Para Mabel, a experiência foi gratificante. “Esse reconhecimento em vida é enriquecedor. Além da trajetória coletiva, há muito de nossa luta contra o racismo. Ter isso reconhecido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, que deseja dar visibilidade à causa nas diversas regiões do Brasil, enaltece o valor das mulheres que trilham o caminho da Igualdade Racial. A história não concede visibilidade às mulheres negras; nós devemos corrigir isso”, afirmou Mabel.
Nascida em 1959, Maria Isabel de Assis é a 11ª filha de uma família que teve 15 crianças. Como Maria Isabel de Assis interpreta a vida e a obra de Mabel Assis?“Uma mulher negra que decidiu deixar o lugar comum, saindo da sua trajetória na periferia da Brasilândia (bairro da Zona Norte de São Paulo) e inspirando outras mulheres negras. A saída é a educação; é o que proporciona o entendimento do que é o mundo e as relações interpessoais. É uma caminhada cheia de lágrimas.
Os estudos são solitários. Assim é possível superar essa diferença de classes. Não é possível empoderar a mulher se não houver a discussão do machismo e do sexismo”, disse, Mabel que é mãe de dois filhos, Ítalo e Willian e avó de cinco netos: Laís, Vinícius, Nícolas, Willian Gabriel e Sara.
Produção de conhecimento
Graduada em Serviço Social, mestra em Antropologia Social e doutoranda pela Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP. Em seu mestrado, Mabel foi bolsista pelo programa da Fundação Ford – internacional, que beneficia estudantes de origem negra e indígena; o tema da dissertação foi “Mulheres negras e violência urbana e doméstica”.
Seguem os principais trabalhos publicados por Maria Isabel de Assis: “Mulheres negras: lembranças do vivido e sentido”. Editora Contexto, 2008, páginas. 97-113; “Vinte e cinco anos de respostas brasileiras em violência contra a mulher: Alcances e Limites”. Coletivo Feminista de Sexualidade e Saúde, 2006, v. I, p. 07-311; “Saúde Mental da População Negra: uma breve reflexão da experiência com grupos de autoajuda”. Editora Pallas, 2000, v. 1, p. 171-175; “Violência urbana e doméstica no cotidiano de mulheres negras”. Jornada sobre ação afirmativa de donatários da Fundação Ford. Fundação Carlos Chagas, 2004. v. I; “Medo e insegurança no cotidiano de mulheres negras”. Mesa de debate, 2004; “Mulheres negras violência e racismo. Colóquio de pesquisas acadêmicas”, 2003; “Novas práticas e o velho racismo”. Suprema gráfica e editora, 2002. v. I. p. 55-55; “Violência urbana e doméstica no dia a dia das mulheres negras”. Semana das Ciências Sociais – PUC/SP, 2001, São Paulo.
Centro de Referência da Igualdade Racial
Mabel Assis acredita que o recém-inaugurado Centro de Referência da Igualdade Racial, no CEU Ponte Alta, é fundamental na luta contra o racismo. “O Centro de Referência está inserido no centro da comunidade. A maioria da população no bairro da Ponte Alta é formada por negros. A literatura disponibilizada é para esse público, que precisa ter atividades literárias, artísticas e musicais para que possam positivar a sua identidade, que é distorcida por um racismo que está estruturado nas artes e nos meio de comunicação. Conhecendo a sua trajetória e a sua história, os negros passam a ter orgulho de ser o que são”, concluiu.
Para saber mais sobre esse reconhecimento, acesse o link: https://www.intelectuaisnegras.com/